sexta-feira, 3 de junho de 2011

Oxfam alerta sobre aumento dos preços do alimentos em 20 anos

O mercado dos bens alimentares tende a encarecer em resultado da subida da cotação das matérias-primas
Fotografia: Santos Pedro
Os preços de alimentos básicos devem mais do que dobrar em 20 anos, a não ser que líderes mundiais promovam reformas, alertou na terça-feira a Organização Não-Governamental britânica Oxfam.

Até 2030, o custo médio de colheitas consideradas chave para a alimentação da população global vai aumentar entre 120 e 180 por cento, prevê a organização no seu relatório Growing a Better Future (Plantando um Futuro Melhor). Metade desse aumento de custos deve ser creditada a mudanças climáticas. Sendo assim, para a Oxfam, é preciso que os líderes globais trabalhem tanto para regular os mercados de commodities como para a criação de um fundo climático global.

"O sistema (de negociação) de alimentos deve ser revisto se quisermos superar os crescentes desafios relacionados com mudanças climáticas, aumentos no preço da comida e falta de terras, água e energia", disse Barbara Stocking, executiva chefe da Oxfam. No relatório, a Oxfam ressalta quatro áreas de alta insegurança alimentar – locais onde já existem dificuldades para alimentar os habitantes.

O primeiro é a Guatemala, onde 850 mil pessoas são afectadas pela falta de investimentos estatais em pequenos agricultores e pela alta dependência de alimentos importados, diz a ONG. O segundo é a Índia, onde a população gasta em comida duas vezes mais que os britânicos (proporcionalmente ao que recebem de salário). Um litro de leite pode custar cerca de 11 dólares na Índia.

Em terceiro, a Oxfam cita o Azerbaijão, onde a produção de trigo caiu 33 por cento no ano passado em decorrência de más condições climáticas, forçando o país a importar grãos da Rússia e do Cazaquistão. Os preços dos alimentos no país subiram 20 por cento em Dezembro de 2010 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em quarto está o Leste de África, onde oito milhões de pessoas enfrentam actualmente falta crónica de alimentos por causa da seca. Mulheres e crianças estão entre os mais afectados. O Banco Mundial também advertiu que o aumento nos preços dos alimentos está a levar milhões de pessoas para a pobreza extrema. Em Abril, a instituição informou que os custos dos alimentos tinham aumentado 36 por cento num ano, em parte devido aos distúrbios no Médio-Oriente e no Norte de África. Para a Oxfam, é preciso que haja mais "transparência" nos mercados de commodities e regulamentação de mercados futuros; um aumento de provisões de alimentos; o fim das políticas que promovam biocombustíveis (por supostamente ocupar terras que podiam servir para a agricultura); e investimentos em cultivos familiares, em especial os comandados por mulheres.

Fonte: JA

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